segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Vi-me dessorar no raio de sol; BH, 090402001; Publicado; BH, 02001202013.

Vi-me dessorar no raio do sol
Ser convertido em soro nos elementos
Da natureza enfraquecido dessoutro modo,
Ao transudar verter em líquidos pela terra
Vi-me dessorado ao converter-me em fluido
Ao desunir o que estava soldado no meu
Organismo ao tirar a solda dessoldar as
Peças das entranhas os filamentos da medula
Retesei a mandíbula com o passar do tempo;
Vi-me a perder o sexo a tornar-me dessexuado
Privado de sexo igual ao que não conhece
Mais os apetites sexuais é o dessexuar pela
Falta de libido a morte do prazer do
Gozo o fim do orgasmo do clímax já
Que nunca fui de desselar de tirar o selo
Agora sou de tirar a sela da cavalgadura
Esta é a minha dessemelhante a
Falta de semelhança com os outros seres
Humanos a diferença que afasta-me dos
Normais não sei matar a sede não
Sei consolar-me nem dessedentar-me
Numa noite inteira de amor em
Pouco mais dalguns segundos a vela
Já se apagou a chama evaporou
Não volta mais não acende mais
Penso que algum medicamento que
Promove a cicatrização das ulcerações
Que tem a propriedade de dissecar
Acelerar o processo dessecativo do
Meu prazer sexual tornei-me árido seco
Ao ver-me enxugar secar completamente
Ao ver dessecar todas as fontes dos meus líquidos
Triste vi-me com tristeza dessecante igual
A caveira de boi que desseca na seca do
Deserto triste vi com tristeza a dessecação
Do meu próprio dessecamento desse cruel
Dissecamento não mais ressurgi não
Mais voltei à tona o vento não mais cantou
Em meus ouvidos a brisa não mais
Acariciou meu rosto o sereno o orvalho
Não mais deram o ar de suas graças no ar
De minha face vi a morte tirar o sal da
Minha carne vi tornar-me insípido na
Falta de sabor a dessalgar a minha língua que
Beijo insosso parece dum cadáver que não tem sal

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