quarta-feira, 6 de setembro de 2017

A falar a verdade sem falsidade ilusão ou mentira; BH, 0150402000; Publicado: BH, 0901102013.

A falar a verdade sem falsidade ilusão ou mentira
Procuro é escrever pois pressinto que vou morrer
Sinto que é iminente a minha morte pretendo
Aproveitar estes últimos momentos quando inda
Ofega em meu peito a ânsia dum resto de ar
Para deixar um pequeno registro da angústia
Da amargura em que sinto agora quando morro
Neste momento sinto a dificuldade da respiração
O peso no peito a aflição da tormenta os urros
Da morte que surgem nas minhas cavernas
Internas não sei se terei tempo suficiente para
Terminar a explanação com a qual quero
Ornamentar esta folha branca de papel de jornal
Sinto já as agulhadas da dor nos quatro cantos
Do meu coração sinto já as toneladas do peso
Que me fazem vergar as pernas bambas
Trêmulas estou em pé porém penso que
Preciso me sentar não sei qual a melhor maneira
De se esperar pela morte se em pé sentado ou
Deitado engraçado é que a sensação o suor
Frio a dor de cabeça a brancura das mãos a
Insensibilidade que sinto no peito até parecem que
Já me pararam o coração dei alguns passos para
Ver se ainda estava vivo enchi de ar os pulmões
Com dificuldade retornei ao meu depoimento
Quase póstumo balancei um pouco de tontura a
Esperar o momento certo para descrever para
Todos a hora exata com êxito sem hesitação
Da usurpação da morte pelo meu combalido ser
Que sabor horrível que gosto amargo que pode
Nos fazer sentir assim mais do que desesperado
Nesta hora extrema derradeira nesta hora
Terminal que acaba a nos empurrar para nosso
Final não há mais nada que nos detêm nada mais
Pode nos deter é somente as trevas do fim o grito
Abafado da dor o corpo sucumbido inerte para
Tudo se acabar acabar a hipocrisia acabar o
Atormentar as pálpebras não voam mais nem batem
Mais palmas de vivacidade alegria nem sorriem
Mais choram pois estão seladas estão lacradas
Cerradas enterradas por lápides frias lápides de
Mármores eternos negros de chumbos de
Cemitérios assombrados amaldiçoados donde
Todos os cadáveres foram roubados para ser
Ofertados em oferendas queimadas aos deuses
Negros simpatizantes de missa macabra a
Espalhar pedaços putrefatos de membros de
Corpo humano defumados em braseiros à minha
Fé ai de mim malgrado meu já se passou um
Certo tempo do temor continuo aqui a escrever
Para todos penso que não morri a dor desapareceu
Parei de suar frio o ar já entra pelo peito a dentro
Com maior liberdade intensidade penso que
Viverei por um tempo ainda penso que sofrerei
Padecerei pela terra igual a uma minhoca um verme
Da terra um vírus um germe ou outra coisa qualquer
Que me foge à imaginação sou o que já estava até a
Ficar feliz oba, vou morrer hoje agora vou morrer
Sou o que já estava a dar graças pelo fim de todo o
Vácuo do meu peito pelo fim de toda escuridão de
Repente vejo que inda vou continuar por aqui vejo
Que me parece que ainda não será desta vez que
Irei poluir a terra com os meus restos mortais
Continuarei a poluir o ar com meus restos vitais a
Poluir a natureza o visual com a imagem que
Carrego sobre meus andrajos sobre as cascas das
Minhas feridas minhas cicatrizes em carne viva minha
Carne em brasas vivas minhas brasas em cinzas mortas
Ainda bem que me é permitido pecar procurar as respostas
As soluções as saídas dos labirintos as fugas espetaculares
Dos minotauros da sociedade apodrecida

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