sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Cachaça não bebais cachaça para homenagear-me; BH, 0180902000.Publicado: BH, 0240902013.

Cachaça não bebais cachaça para homenagear-me
Não mereço a aguardente feita com cana-de-açúcar
Ou do processamento dalguns de seus derivados
Mereço sim um cachação uma pancada no cachaço
Um pescoção uma cachaceira tira de couro que
Passa por trás das orelha das cavalgaduras amarrada
Nos colhões quando era vivo era um cachaceiro
Vivia a beber cachaça era um bêbado de cachaço
Inchado de nuca bem dolorida um porco castrado
Não era um reprodutor um varrão era um gordo
Igual cachalote mamífero cetáceo da família dos
Catodôntides de cujo intestino se retira o âmbar
Gris agora vejais matar um cachalote para retirar
Âmbar gris quem nem sei o quê é demais só
Mesmo o homem ainda bem que hoje já sou
Espírito já sou alma já sou fantasma já sou
Sombra já sou penumbra já sou ectoplasma já
Sou total silhueta de eclipse total já sou reflexo
Já encontro-me em cachão no limbo em total
Borbotão ebulição de fervura em queda-d'água
Meu cabelo cacheado que me dava quando menino
O apelido de carneirinho meu cabelo que se
Apresentava em cachos enrolado caracol ondeado
Igual ao mar ondulado de nuvens desapareceu em
Toque de mágica ninguém mais se lembra dele
Tomou doril sumiu não consigo mais cachear nem
Quando vou materializar-me dar uma planta a
Encrespar-me a tornar-me físico não sinto mais frio
O cachecol não o uso mais o morto já é o próprio
Frio é a própria tira de pano longa de fazenda quente
Para proteger o pescoço do vento saudade da cachanê
Fazenda estreita para agasalhar a parte inferior do
Rosto hoje sou só uma cachimbada dum preto velho
Uma porção de fumo que se põe no cachimbo a baforada
Dada ao cachimbar hoje sou só o fumar o fumo a fumaça
O pensar na cabeça de alguém o meditar naquela memória
Naquela lembrança que por acaso tenha deixado em
Vida o recipiente que é constituído por um fornilho onde se
Põe o fumo picado um tanto fino por onde se aspira a
Fumaçada o orifício dos castiçais onde se prende a vela
Permaneceram à cachimônia a cachola de entendimento o
Bestunto da capacidade o cacho de conjunto de flores de
Frutos aglomerados presos a um talo comum se
Exterminaram se dissolveram quaisquer coisas reunidas
Em grupo o anel ou canudo ninguém ouve falar mais virou
Água de cachoeira catarata de grande volume não voltam
Mais é uma cacholeta com as mãos cruzadas um peteleco
Na orelha com um dedo a cachopa não se lembra mais a
Mulher jovem já esqueceu já perdeu o sabor virou cachorra
Cadela mulher desavergonhada devassa era a que mais
Prazer causava era a mais procurada por toda a cachorrada
Pela malta de cachorros numa ação desleal do tempo numa
Indigna peça pregada pelo destino o vento levou junto com a
Poeira o pó que restou o cachorro chorou qualquer cão
Choraria só a sustenta ou aparenta sustentar sacadas ou
Beirais é que se mostrou com ar de canalha não derramou
Um cacife uma quota de dinheiro como o correspondente à
Entrada de cada parceiro em jogo de cartas não pagou um
Cachorro-quente um sanduíche de salsicha pão com ou
Sem molho de carne moída preparada com bastante pimentão
Cebola tomate agora querem caiar querem pintar com água de
Cal embranquecer a sepultura camuflar o sepulcro alvejar o
Rosto perguntar ao caiapó ao indígena da tribo dos caiapós se
Ainda sobrou algum aí? não sobrou nem caiana lembrais aquela
Espécie de cana-de-açúcar não ides esconder com caiação
Melhor com pintura de árede com brocha de cal água o X9
O caguete da entregação o alcaguete da delatação tem que
Caguetar no inferno tem que pagar por alcaguetar a comer merda
De caga-sebo designação popular comum às várias espécies de
Passarinhos da família dos tirânidas da mesma forma o sabe-tudo
A apessoa que dá palpites sobre qualquer assunto tem que morder
Comer a língua em picadinhos o caga-regras tem que cagar
Comer aliviar os intestinos das matérias fecais comer tem que
Defecar comer mastigar todo o temor durante a vida toda
Amedrontar-se toda vez a que encontrar-se diante da morte
Fugir de medo dum caga-lume acovardar-se diante da luz de
Um vaga-lume comer de boca cheia o cagalhão o monturo de
Fezes endurecidas como se fosse biscoito morrer por qualquer
Meio por arma-de-fogo por caga-fogo por picada de abelha da
Família das Melipônidas é o cagaço do cágado é o medo de
Extinção dos quelônios de terra tartarugas d'água doce valeu
Meu cafuzo meu mestiço filho filho de índio com negro valeu meu
Cafuné minha carícia que consiste no coçar de leve a cabeça de
Outrem a esfregar-lhe os cabelos valeu quando viéreis cá no
Cafundó parar aqui no cafundó-do-judas aqui neste lugar tão
Distante nesta cafua remota esconderijo difícil de se alcançar
Aqui neste antro de casa miserável nesta cela solitária de prisão
Esquecereis a vida só encontrareis cafajeste de mau caráter
Mau procedimento ínfima condição social a cafajestada completa
Sem faltar nem pôr valeu caduco que já está a caducar velho
Senil inútil decadente que se tornou nulo valeu aos vivos

Nenhum comentário:

Postar um comentário