sexta-feira, 9 de março de 2018

Não neguei não nego não negarei mea culpa mea maxima culpa; BH, 0210502001; Publicado: BH, 0140402013.

Não neguei não nego não negarei mea culpa mea maxima culpa
Minha culpa minha máxima culpa com estas palavras da confissão com as
Quais reconhece o pecador a sua culpa reconheço as minhas também
Como pecador recito arrependido o momento homo quia es pulvis in
Pulverem reverteris lembra-te homem és pó em pó te hás de tornar
São palavras da quarta-feira de cinzas depois do carnaval quando o
Sacerdote traça uma cruz de cinza na testa dos fiéis não esqueço esse
Ritual quero para mim o mesmo medice cura te ipsum médico cura a ti
Mesmo para não sair por aí a pedir cura aos outros salvação aos santos
Ajuda aos deuses só o fato de impedir o deslocador o efeito que usa
De deslocar ossos membros nervos músculos parar o deslizamento o
Desvio do rio o escorregamento para o deslizadeiro do córrego derradeiro
Para o resvaladouro da falsidade da hipocrisia a deslisura do murmurar
Do criticar pelas costas falar excessivamente mal do bom o desbocar-se
Do mudo que nada tem a dizer no deslinguar desbocado da fala do calado
Do maldizente sem língua do deslinguado do deslinde a deslindação do
Aço, o deslindamento do toco desalinhador o aclarador de trevas
Destrinçador de opacos anseia o aclaramento exija explicação antes da
Desligadura do apagão antes do desligamento do coração dói a separação
Do que estava ligado sem anestesia mata a falta de ligação ou nexo com a
Razão não quero andar desligado como um que se encontra em desconexão
Um algo desliar defasado é triste deslembrar a lembrança esquecer a
Memória omitir o fato e olvidar a verdade é falta de coragem a deslembrança
O esquecimento precoce o olvido da realidade juro quando sou deslembrado
Morro quando vivo esquecido não vivo se algum amigo amnésico
Desmemoriado com negligência com desmazelo desleixamento não pensar
Em mim deixo de ser pensamento sofro pela desleixação daquele que não
Preza a imagem dum conhecido o desleixo do semelhante é tristeza para mim
O desmazelo mental de todos que já conviveram comigo em relação a mim é 
Atestado de óbito missa de sétimo dia desleitar de recém-nascido desmamar
Do leite a criança faminta todos sabem que não tenho atrevimento muito menos
Descaramento e não sou de agir com ousadia tento só evitar o deslavamento das
Boas lembranças o desbotamento das boas
memórias o deslavar do meu ser
Quanto ao deslassar do corpo o frouxo lassar do físico ninguém ainda poderá
Evitar não sei no futuro quando deslapar o mundo tirar a lapa do universo
Meu teor é este não ser deslambido não passar por cínico nem por delambido
Sem-vergonha pois quando vierem deslajear minhas catacumbas quando vierem
Arrancar as lajes da minha sepultura no deslajeamento só encontrarão o esqueleto
Na operação no desladrilhar só encontrarão os ossos por ladrilhos ao partirem
Ao tirarem o lacre que fecha a sela abrirem ao deslacrar o sepulcro só pó poeira
Cinzas vestígios podem desfazer as laçadas podem procurar desenlaçar os nós
Podem soltar as cordas até desprender dos ganchos podem deslaçar a múmia
Volta por volta no deslaçamento o resultado é um crânio deslabiado uma caveira
Sem lábios a sorrir cinicamente com desdém sem beiços porém livre do jugo
Da canga da vida onde só existiu para separar desunir não libertar-se jungir
Com liberdade desjungir liberto preso nos braços ternos duma mulher que
Desjejua dejejua todo o nosso tempo em que sobrevivemos sem conhecer o
Amor a não ser para reproduzir manter a espécie na inexistência da vida

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