terça-feira, 6 de março de 2018

Será que ainda não estou preparado? BH, 0110102000; Publicado: BH, 080502013.

Será que ainda não estou preparado?
Ou o que me faz sentir assim é a insegurança? ou
É a falta de esperança por não acreditar
Que possuo competência fé em mim?
Possuo capacidade saberei superar a depressão
Não quero ser acusado de egocentrista
Tal qual o Dante Alighieri foi acusado
Por se retratar em sua obra-prima
Mas se pelo menos em mim é porque
Não consigo transpor os mínimos detalhes
Que outro ser humano qualquer já transpôs
Sem deixar qualquer tipo de sequela
É só por isso por nada mais
Não me julgueis nem me critiqueis
Sei que sou tolo bobo que a burrice
Sempre possuiu meu ser não sei o que fazer
Fugir desta condição humilhante
Fugir desta áurea de assombração
Macabra fantasmagórica tal aparição
Tipo ETs de planetas inviáveis
Tipo ectoplasmas materializados em sessões
De mediunidade de fundos de quintais
Ou tentar tentar tentar até acertar?
A compreensão humana ensina ainda
Que errar é verdadeiramente humano
Ensina ainda também que
Permanecer insistir no erro é burrice
Estarei sujeito a errar sempre
Pois continuarei a persistir a permanecer
Pois estarei sempre a tentar
Até conseguir de vez acertar erradicar
A burrice a tolice a bobagem que são
As causas mortis a angústia extrema
Do meu combalido vazio coração
Não quero ter nunca auto suficiência
Não quero ser nunca prepotente sem modéstia
Exijo sempre de mim ser modesto sóbrio
Politicamente correto ético racional
Exijo sempre de mim muita educação
Cultura intelectualização leitura
Exijo sempre de mim muita lucidez
Espiritualidade genialidade
Nem sempre às vezes os meus intentos
Correspondem aos meus anseios
Nem sempre meus desejos são realizados
Porém morrerei a procurar o caminho
Morrerei a procurar desesperadamente
O meu enquadramento físico mental
Quando me sentirei então plenamente satisfeito
Satisfeito comigo mesmo com o mundo
Satisfeito com as causas com os efeitos?
Com as respostas tão almejadas esperadas
Com as soluções claras iluminadas
Tão simples singelas que nem percebemos?
Repetimos todos os nossos defeitos mal feitos
Nossos complexos preconceitos despeitos
Morremos com os nossos tabus tradições
Nossos dogmas mitos apodrecidos
Aos quais nos agarramos com unha dentes
Não nos livramos nem nos libertamos
Não libertamos os nossos semelhantes
Ao ajudar a afundar ainda mais
Ao ajudar a confundi-los afogá-los
Em mágoas remorsos arrependimentos
Inventamos mais pecados mais mentiras
Escondemos a verdade da verdade nos
Escondemos na mentira fingimos
Nos entregamos sem luta perdemos
Perdemos nós mesmos a liberdade
Perdemos duplamente a alma
O espírito a condição de projetar
Na tentativa da perfeição eterna
Muito triste é a constatação de limitação
A vida a se transformar em mero sopro
Um assopro gélido tenebroso que
Faz nevar tempestuosamente dentro de nós
Mas só sou mesmo o que posso me dizer
Se chegarei ao fim da viagem
Se despertarei do sono sem sonho
Ou se transformarei em pesadelo fatal
A realidade que se estende perante mim
Igual a linha do horizonte no amanhecer
Ninguém mais me confundirá
Com ideias sem ideais concretos
Ninguém mais me confundirá
Com pensamentos sem vestígios de razão
Ninguém mais me deterá na força
Sinto-me mais forte do que antes
O escaravelho menino que arrasta
Caixinha de fósforos cheia de pedrinhas
Sinto-me mais forte do que um fantoche
Do que um bêbado fanfarrão que bufa
Pela madrugada a fora contra as sombras
Que teimam em permanecer escondidas
A fugir da presença real da luz
Que rasga as entranhas do amanhecer
Como uma moça que acaba de ser estrupada
Apesar de resistir em ceder em aceitar
A ação selvagem da fera que a quer devorar
Sou mais sou agora sou nítido
Mesmo quando aqueles lautos histriões
Permanecem nos faustos banquetes de butins

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