quinta-feira, 10 de maio de 2018

Chorei tantas lágrimas derramei; BH, 060102000; Publicado: BH, 01601102012.

Chorei tantas lágrimas derramei
Que não impossibilitei em tempo
A minha afogadura no vento
No afogamento do sofrimento
Com a sufocação eterna do choro
A asfixia por imersão nas lágrimas
Infinito afogar-me de pranto
O mundo não muda
A humanidade não muda
Fico angustiado por pensar
Que tanto choro é em vão
Por mais que mostre o choro afogueado
O pranto abrasado pela dor
O olhar vermelho de ardor
O hálito ardente de saliva quente
O ambiente não fica calmoso
O perigo aforçado não passa
A dona que tem em mãos
Um objeto em forma de foice
Não desiste de ceifar os inocentes
Não desiste de ceifar as crianças
Não quer soprar o lume com o fole
Afolar a chama da esperança
Folar o fogo brando do amor
A desgraça no mundo continua
É um terreno afolhado
Que não dá nem para contar
O submetido afolhamento
As folhas caídas no chão
No registro numerado
Rubricado nos fólios
Nos livros da vida da morte
Não existe mais espaço para dividir
A terra não dá mais para afolhar
As folhas as porções grandes são dos latifundiários
Que não a submetem a um ciclo
De alteração de cultura
Nem permite a rotação
Para quem nela quer plantar

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