sábado, 12 de maio de 2018

E sou maldito e sou amaldiçoado, RJ, 1980; Publicado: BH, 010302012.

E sou maldito e sou amaldiçoado,
Sou uma assombração;
E sou macabro, sou um terror,
Sou um terrorista;
E sou um horror, sou horrível,
Sou horroroso, um lobisomem;
Sou um morcego, um vampiro;
E sou um vírus do câncer,
Sou um verme virulento;
E sou um rato da sarjeta,
Sou uma barata da valeta,
Sou um bicho do esgoto;
Sou um monte de fezes,
Uma poça de urina,
E sou uma fera desesperada;
Sou um cão odiento,
Um cachorro com raiva,
E sou um porco nojento;
Sou um grande podre,
Um pequeno ser imprestável,
Mesquinho e medíocre;
Sou um cadáver sem túmulo,
Um defunto sem dono,
E sou um corpo sem alma;
Sou um ser sem corpo,
Sou um ser sem mente,
E sou uma mente sem ser;
Sou a chama da ignorância,
Sou o caminho da grossura,
E sou a indelicadeza;
Sou a falta de ética,
Sou a falta de lógica,
E sou a falta de inteligência;
Sou a falta de ideias,
Sou a falta de teorias,
E sou a falta de dialética;
Sou a alma sem luz,
Sou o astro sem céu;
E sou a estrela sem firmamento,
Excremento de gente;
E sou o pus do furúnculo,
Sou a víbora venenosa,
A serpente traiçoeira,
Sou a cobra cega;
Sou o réptil esmagado
Pelo teu calcanhar;
Sou o pó
E sou a poeira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário