quinta-feira, 10 de maio de 2018

Não precisas ficar a lembrar-me; BH, 060102000; Publicado: BH, 010601102012.

Não precisas ficar a lembrar-me
À toda hora que sou
Um irônico simplório afonsinho
Antiquado quadrado obsoleto
Apressado nos erros nos defeitos
Aforçurado forte na ignorância
Não precisas ficar a recordar-me
O meu aforçuramento na estupidez
A pressa em esconder-me
Quando chega a luz do sol
Igual Drácula no ataúde
Por mais que queira
Não consigo evitar de apressurar-me
Aforçurar-me sem causa
Apressar-me sem razão
Nada tenho de aforismático
Nada tenho de enfático,
Nada tenho de aformoseador
Que valha a pena pairar
O olhar sobre mim a palrar
Nada sei aformosentar
A moldura pode até enquadrar
Porém não sou aforquilhado
Dividido em mil facetas
Bifurcado bitolado deixado
Em forquilha de encruzilhada
Frango de macumba de pescoço degolado
Sangue escoado até a última gota
Igual escrevo sem aforramento
Sem forro liberto do aforquilhar
Desembaraçado livre pela liberdade
Aforrado para quebrar os elos da corrente
Apressado na ânsia de estrangular
O ex-senhor feitor com as calejadas mãos
Ligeiro para fugir aos Quilombos
Disposto a tudo a pagar
Para não apagar as marcas do lombo

Nenhum comentário:

Postar um comentário