Sinto-me igual a um vinho
Preso dentro duma garrafa
Onde a pressão é medida
Por um manômetro ou outro metro
Sinto-me um vinho espumante
Ávido por escorrer por gargantas
Sedentas ressequidas de sede
De prazer de volúpia de gozo
Sinto-me o elemento
De composição designativa de espuma
A querer encher as bocas ásperas
Com o frescor da espuma
Com o afrescor do meu vinho
Para refrescar o hálito da alma
Elevar a todos os espíritos
Em afretamento aluguel
Veículos para transporte de tonéis
Para afremosentar muitas mentes
Aformosentar muitas memórias
Afreimar os corações adormecidos
Aflemar os corpos inertes
Inflamar os ânimos esmorecidos
Piorar a vida de quem odeia
Afligir-se contra quem tem raiva
Irar-se contra quem tem ira
De tão boa esmerada qualidade
É o vinho mais afreguesado
Tem fregueses em todas as eras
Concorrido em todos os tempos
Frequentado em todos os espaços
Só não pode é consumi-lo em demasia
Para não entrar em afrasia
A incapacidade de articulação das palavras
O restante é só devoção afortunosa
Feliz da sorte sem azar
Afortunado ditoso
Quando do cupido afrechar
Aflechar amar sonhar
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